10.5.09

Coração de mãe

Com muito amor para Margarete, a mãe que me deu a oportunidade de estar aqui hoje e que sempre me aguardou nos pontos da vida.


Eles vão chegar a qualquer momento.
A lágrima de desespero rolou sobre a pele suave, esperando adoçar a saliva já amarga pelo medo.
Era a primeira vez que as crianças viajavam sozinhas, dois dias, sem conhecer ninguém.
Pensava neles a cada minuto, os segundos viravam horas, os noticiários explodiam acidentes na estrada. O pânico tomou conta da situação.
Dois dias, quarenta e oito horas aguardando a pior notícia. Será que eles vão descer na rodoviária errada? Será que comeram, tomaram banho, choraram a minha falta? Será que uma criança de 11 anos sabe como cuidar de outras duas de 9 e 7?
Mas era preciso confiar. Foi pela mãe que os filhos resolveram abandonar o conforto, a escola e os amigos. Foi por esperança que a mãe abandonou a família, os filhos e sua terra natal. Tudo valeria a pena? Talvez. Era preciso acreditar. E acreditar também que eles iam chegar, certinho como a mamãe explicou.
O ônibus já atrasado há duas horas mostra o pára-choque na entrada da Rodoviária. O vidro espelhado não deixa ver o que tem dentro.
Pára na portaria, passam-se dois, três, cinco minutos intermináveis até que o fiscal libere os passageiros.
A mulher de vermelho desce com as malas e o travesseiro. A ansiedade aumenta, será que eles estão nesse aí?
As lágrimas atrapalham, e de lenço, só a palma da mão.
Um homem com o filho, a esposa gorda de vestido de bolas rosas vem logo atrás. Um senhor idoso desce a escada bem devagar e volta, esqueceu sua frasqueira.
A mãe, já em pânico, rodeia o ônibus em busca de uma luz para seu desespero. Seus filhos, onde estão?
Até que as lágrimas cessam e quase num salto, ela leva um susto. Lá vem os três, descendo as escadas e com o coração da mãe nas mãos.

Por Joyce Baena, baseado em história real.

4 comentários:

  1. Camila Kise Silva10/05/2009, 06:46

    Oi Joyce, aqui é a Camila (Fishcer), tudo bem?
    Quero te parabenizar pelo blog, está muito bacana!!! Li algumas coisas e bateu uma saudade sua, espero que tudo na sua vida esteja dando certo!

    Um beijo,
    Camila

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  2. Querida filha, mais uma vez quero agradecer pelas belas palavras que pronuncia. Realmente, sua mãe ainda não mudou nadinha. Continua vivenciando todos os dias, da mesma maneira. De coração, te amo e que continue esta filha maravilhosa que é, e, como mãe a melhor que pode.
    te amo. bjos.

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  3. Oi, Joyce, pbens pelo blog. Li o seu "coração de mãe" e sinceramente, a Meg merece essa homenagem. É uma batalhadora incansável. Digo isso pq conheci a Meg na UEM, somos colegas,bons amigos e pasme: na oportunidade vc estava sendo gestada, rsrs.
    Agora está aí, bonita, cheia de vida, profissional inconteste e acima de tudo..."mãe". Toda felicidade do mundo para VC, sua filha e pro maridão. Bjos. Vá em frente!!!

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  4. Oi, bom dia Joyce.
    Grato pela atenção dispensada a Luiza Elena.
    Espero que ela possa realizar o desejo de batalhar aí em Sampa e ter sucesso.
    Tdo de bom pra VC.

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